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sábado, 9 de julho de 2011

Poemas do Tempo - Portugal 61

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          ENCONTROS  LEAIS

O sangue corre nas veias dilatadas
enquanto o relógio do tempo
disfarça os tormentos das picadas
longe da sombra do embondeiro
que em África foi pioneiro!

Tento encontrar os companheiros
que se perderam nos caminhos
das angústias e do desespero
longe dos primogénitos ninhos
amarfanhados pelos fantasmas
que lhes desgastam o sossego,
porque a vida não tem segredo.

Dos mortos ficou a memória
cada um com sua estória…
reconhecida nos breves encontros
devotados às correntes partidas
no desencontro de muitas vidas
amedrontadas pelos monstros.

Aconteça o que acontecer
é um compromisso existencial
que jamais poderemos esquecer:
comparecer e estar presente
onde estejam sempre os valentes
combatentes leais de Portugal,
confraternizando, contentes
até ao dia do grito final.

   Joaquim Coelho


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    DOENÇAS DA NAÇÃO

Há o sindroma do deserto
que um senhor abastado
propagou nesta nação…
será o ministro mais esperto
dos outros que lhe dão razão?

Para quê a maternidade
e o desperdício dos hospitais
se não temos necessidade
onde não há sinal dos mortais.

Acaba a autoridade dos mestres
em favor de alunos calaceiros
e da petulância dos pais agrestes
tal como seus filhos matreiros,
tomam a disciplina como arruaça
e os exames como grande chatice
transformados em grave chalaça
e tudo não passa duma burrice.

Saldam-se diplomas aos ignorantes
em inflamadas sessões de fachada
só para acomodar os tratantes
que passam o tempo sem fazer nada;

Fazem dos juízes burocratas
longe do prestígio e sem valor
na administração da justiça
como nos ensinou o redentor.

Acabam-se os doutos notários
e entrega-se tudo aos rufiões
sem dignidade para os actos
dos experimentados tabaliões.

Para enganar mais ignorantes
os incompetentes governantes
abatem os meios de produção
cortam as pescas e a agricultura
deixando um rasto de amargura
 e muita gente sem o seu pão.

Há desempregados a mendigar
e o país perdendo o seu valor
muitos rufias por aí a roubar
a vida fica num grande horror
sendo o único caminho, emigrar…

  Joaquim Coelho
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            INQUIETAÇÕES

A inquietação
     no meu destino
atormenta a certeza do porvir.

Procuro fugir ao desatino
e perco a visão do caminho
que outrora sonhei
     quando peregrino
na selva deambulei.

O tormento da vida
afigura-se além…

Tanta inquietação
     que não me convém…

Os milhafres
circulam nos céus
à procura deste alguém
que caminha espavorido
e debicam os sonhos meus…

Será que isto faz sentido
     temer as aves sem alarido
e sentir na vida o desdém?  

   Joaquim Coelho   
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