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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

BOAS FESTAS

Aos amigos que cultivam a amizade
e saben estimar esse grande valor,
desejo Boas Festas e felicidade
junto dos ente queridos, com amor.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Poemas dos Tempos PT31

.. O MEU CAMINHO

Aqui nasci por mero acidente
no aconchego de boa gente
cresci tenro entre os prados
que me alimentaram o fervor
dos sonhos mais envolventes
e dos fardos que carreguei…
verde como os milheirais
cresci lesto até à espiga
que alimentou os sinais
do trabalho de formiga!

Muitos caminhos pedregosos
por estes socalcos sobrevivi
aos tombos pelos campos aprendi
a construir alicerces de vida
semeada pelo mundo além
nas estradas que percorri.

Desci à cidade para crescer
com promessas e novidades
movimentado até ao anoitecer
- o trabalho não olha a idades.

Aprendi a decifrar as vivências
experimentei o mundo invisível
sementeira de gratas aparências
nos caminhos do oculto, incrível!

Entrei na aventura do amor…
saboreei o fermento da emoção,
gestos enternecidos do sabor
que temperam o coração.

Muitos amigos, sem medida,
a dizer o rumo sem enganos…
esperança de vida construída
bem ao jeito dos verdes anos.

Penafiel-Termas de S. Vicente
Joaquim Coelho
«««««««


... OS PECADORES

Há algo que me atormenta
e me deixa horas a pensar…
com este profundo sentimento
de perder a força de lutar
no lado obscuro do tempo.

Sempre fui compreensivo
para com os pecadores
cada um sabe dos seus pecados
e também das suas dores.

Todos devem ser tolerados
mesmo aqueles que nos ferem
não fiquemos preocupados:
vão ter o inferno que querem!

Joaquim Coelho



... FERIDAS DA GUERRA

A força das armas venceu o sofrimento
que a guerra infligiu aos mancebos,
e as bandeiras desfraldadas na liberdade
hão-de vencer a onda de miséria
espalhada nas aldeias e bairros de lata,
razão porque derrubámos a ditadura
que para os mais pobres foi ingrata
e nos causou lágrimas de amargura.

Aos combatentes restam as feridas
das quais perduram muitas cicatrizes;
a dor maior da pátria humilhada
é saber dos túmulos esquecidos
onde ficaram os corpos abandinados
sob o clarão da lua iluminada
nas noites longínquas africanas.

Sente-se esta consciência absurda
condensando o perfil dos sentimentos
que nos prendem às mães coroadas
de mágoas duras e dilacerantes
que tolhem os melhores pensamentos
e a ternura de sairmos triunfantes;
quando saímos da guerra sem glória
e repudiados pelos escorraçados
sentimos a penumbra da vitória
sem vencedores nem derrotados.

Nos rostos sofridos dos coitados
vejo sinais de profunda humilhação;
aos seus punhais cheios de ódio,
lanço um olhar triste e piedoso
e amorteço o crepúsculo da manhã
com um cântico patriótico, surdo,
suavisando os risos do absurdo.

Ninguém se ufana com a desgraça
dos residentes nas terras de África,
muito menos servirá de chalaça
a acusação do cobarde abandono
quando outro poder tomou o trono.

Lisboa, Fevereiro de 1976
Joaquim Coelho
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