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DESTINO SEM LIMITES
Nas picadas poentas que passamos
há sempre uma razão para dizer:
- porquê tanta amargura?
Nas florestas fechadas que penetramos
há sempre uma incerteza do regresso:
- porquê tanta angústia?
Em cada emboscada que sofremos
há sempre corpos esfacelados:
- porquê, meu deus?
Nas noites tenebrosas que vigilamos
há sempre um grito de terror:
- porquê os fantasmas ocultos?
Porquê tantas brechas na terra
engolindo os corpos sem querer;
tantos heróis na guerra
perdidos na vida sem viver!
Mueda, Julho de 1966
Joaquim Coelho
ROTEIROS DA GUERRA
Lá longe… onde dorme o sonho
sabemos que a família sofre
vive inquieta e com tormentos;
as promessas para o fim da guerra
são razão para acreditar
que os soldados hão-de voltar
com a liberdade nos braços.
Quando chega a bondade latente
para encher os corações
vemos em cada criança inocente
um rol de acusações…
nossos feitos são apagados
e a grandeza do espanto
está no acusação dos soldados
que sentem a chama mais forte
para desbravar nova vida
e lutar contra o desnorte,
porque a verdade é destemida!
Beira, Março de 1968
Joaquim Coelho
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INQUIETAÇÃO
Hoje sinto uma inesperada calma
até os arbustos estranham
este vento sem alma...
O futuro desperta os anos
que esperamos inquietos,
já são tantos os desenganos
contra os pensamentos certos!
E as limitações de amor
que rasgam a nossa dor?
Estou na primavera da vida...
no horizonte vejo a miragem
- uma donzela de tons jasmim,
coberta de pétalas, também...
no meio do verdejante jardim
acordo no colo de alguém!
Nacala, Agosto de 1966
Joaquim Coelho
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