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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Poemas dos Tempos - Portugal 51

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      O POVO ORDENA!

Hoje o povo é quem mais ordena!
Tem direito a votar em quem governa
porque vai tomar parte na eleição;
tudo para bem da Nação que o criou
já pouco lhe resta do que ficou
… santa ingenuidade, que ilusão!

E quando o povo se manifesta contra
a fantochada da primorosa assembleia,
abate-se a razão à bastonada…
definham os corpos esguios e famintos
perante a pujança da santa governação.

Mas há que atiçar o fogo da razão
até queimar a esperança no jogo
como se queima a ultima emoção.
Os políticos sempre bem dispostos,
assumem os assentos e mordomias;
os votantes atirados para os esgotos
vivem na miséria de todos os dias. 

Assim era em 1978… e hoje?

Joaquim Coelho





      SOBREVIVENTES

Tenho medo de cada amanhecer
só porque há tantas vidas apagadas
tantos meninos a sofrer
com as mães desempregadas.

Tanta criança sem brincar
mexendo no lixo para comer
tantos corações sem amar
na ânsia de sobreviver.

Tantos lares frios, infelizes,
com gente pálida, triste,
à espera do decreto dos juízes
pela igualdade que não existe.

Sempre que o dia amanhece
vejo as sombras da miséria
que o meu povo não esquece
o que falta é política séria.

Tantas orações sem esperança
por causas que são patranhas…
vejo um anjo em cada criança
quando a fé sai das entranhas!

            Joaquim Coelho
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     ONDA DE STRESS

Sou eu que estou mudado
ou será o mundo tresloucado?

Trabalho ao arrepio dos segundos
com falta de tempo de repouso
remedeio as falhas de presença
entre mudanças nos mundos
que nos atrofiam a crença
e os sentimentos mais profundos.

Será que sou mais um ser adiado,
vendo o futuro esfumado?

Pois vou repousar um pouco
duas horitas apenas…
antes que comece a ficar louco
entre as vidas pequenas!

É uma chatice reduzir o tempo
em vez de o esticar como quem puxa
as abas ao cobertor invernal,
mas a vida é cada momento
desta corrida infernal.

Quero encontrar mais espaço
com mais tempo para mim,
aos amigos dar o meu abraço
e muitas flores de jasmim.

Vou continuar no activo
com o repouso merecido
evitar saber porque motivo
enganamos o tempo aborrecido.

     Maia, 21 de Julho de 1991
Joaquim Coelho
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