CERRAR FILEIRAS
Vem companheiro!
vem ouvir os clamores…
escuta os sonhos e a esperança
dos que foram espoliados.
Vem amigo… deixa os desertores
nas encruzilhadas da consciência,
vem ajudar a apagar as dores
dos que estão inanimados
expostos ao ímpeto dos opressores.
Vem defender os direitos reais
do povo que amassa o pão,
vem cantar nesta jornada
defender os que não têm nada
e sofrem a exploração.
Vem amigo e camarada,
junta a tua à minha vós
perfilados nas duras fileiras
com inquebrantável devoção,
com a vontade não estamos sós
pelo progresso a bem da Nação.
Porto, Setembro de 1975
Joaquim Coelho
VALORES DA NAÇÃO
Porque temos a nova profecia
deste país atolado na corrupção
onde se atropela a democracia
e os nobres valores da Nação.
Vamos acabar com a mordaça
e combater os políticos da gamela
até por fim ao governo de chalaça
que nos atrofia nesta viela
onde a pobreza é um fatalismo
e a miséria fruto do servilismo.
Parece um caos civilizado
onde só o povo é martirizado…
mas o tempo da mudança
vai acabar com as barreiras
e restaurar a universal confiança
neste mundo sem fronteiras.
Atolados nas dívidas a granel
para os “boys” encherem o farnel
os governantes perderam o tino…
mas a maralha em grosso desatino
há-de varrer a corja de ladrões
que nos roubam os últimos tostões.
Virá depois o conforto merecido
neste país belo e tão querido
onde cada um tenha o seu lugar
sem necessidade de mendigar;
toda a miséria vai ser enlatada
numa sociedade transformada.
Joaquim Coelho
««««««««««««««««««««.
INTROSPECÇÃO DA CRISE
Estou metido demais na minha vida!
Estou menos modesto do que outrora
porque aceito as coisas sem as apalpar…
estou a ficar sem o ouvido original
porque ouço as palavras sem meditar
sobre o seu sentido de vida pessoal.
Ando pela rua sem ver as pessoas
na intimidade dos pormenores
que davam graça aos beijos sensuais
e provo a fruta sem sentir os sabores
que cativavam os lábios originais.
Estou muito dentro da minha vida!
Não critico a facilidade das coisas
que perderam a sua simplicidade...
porque tudo nos vem cair à mão
sem que nos esforcemos por elas…
são os programas da nova inovação
que nos abrem outras janelas
sem à aprendizagem darem atenção
quando o saber anda desconexado
com o entusiasmo da vocação…
Faço parte desta vida desencantada
precisamente, porque é chato aprender
aquilo que a experiência nos ensina…
a vida não nos é dada de graça
tal como nos fazem acreditar na sina;
a vida sem esforço é uma chalaça
para quem quer satisfazer um desejo
que não mobilize a força da vontade
como se fora para saborear um beijo.
Começo a olhar demais para a vida.
Aquela que vivi com experiência…
procuro as coisas simples para entender
as dificuldades neste tempo de crise.
Detesto que chamem crise financeira!
O que há é crise de valores humanos.
É por causa da crise do dinheiro fácil
que muitos perderam a esperança
e temem contornar a encruzilhada
porque desprezam a nova caminhada.
Manifesto algum receio pela vida
que poderei viver noutra dimensão.
Acredito mais na crise dos princípios
que estimula a preguiça e o marasmo
em vez de preocupar-me com a vida
que determinaram para eu viver
nesta encruzilhada consentida
para atestar a raça do meu saber.
Valongo, Maio de 2009
Joaquim Coelho
..
Sem comentários:
Enviar um comentário