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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Poemas dos Tempos Port 42



COBRADORES DE IMPOSTOS

Na hora da libertação das dívidas
o governo decreta a penhora
que amedronta o humilde cidadão.
Sem tolerância e sem razão,
os funcionários da finanças
entram em delírio colectivo
não respeitam leis nem alianças
e medem todos pelo mesmo crivo.

Detesto as soluções extremas
com massacres aos cumpridores
e ninguém está a salvo
deste sufoco com louvores…
em cada labirinto da liberdade
as reclamações são um suplício
entre a infâmia processada
e uma defesa mais desprezada.

Há um mal-estar generalizado
e uma amarga e grave revolta
que nos assalta a consciência;
toda a justiça anda torta
nas decisões imprevistas
quando os processos são novelos
com os cidadãos em desespero
mergulhados nos pesadelos…
perdem a tranquilidade
contra o delírio escabroso
que alimenta graves tumultos
tamanho é o espólio danoso
mais sórdido que os insultos.

 Joaquim Coelho






       HUMILHADOS

Os humildes são enclausurados
nos bairros de costas para a cidade,
os seus sonhos são sufocados
e os moribundos humilhados
com os corpos esfomeados
nos caminhos da mendicidade.

Abro os olhos já cansados…
quem foi que tramou o povo?
Se os tenho semi-cerrados
descortino a miséria de novo!

O sol nasce para todos igual!
entra nos opulentos salões
mas não aquece o quintal
das barracas sem colchões.

        Joaquim Coelho
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   DIREITO A DISCORDAR

Eu discordo abertamente
deste viver de aparências
com objectivos contratados
onde se vendem os destinos
com futuros penhorados;

discordo dos negócios formais
onde se vendem as almas,
antes dos funerais…
onde se traçam negros destinos
aos que labutam mais
para educarem os meninos!

Demando meu grito tenso
contra a combustão dos desejos
queimados no fogo imenso
das barracas e dos despejos
da interminável devastação.

Contra a abominável solidão
quero ser um peregrino
a combater a confusão,
tocar o harpejo do destino
com os dedos de cada mão.

Joaquim Coelho
 ,

...

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