FALSOS
AMORES
Segredos dos amantes ambulatórios
navegantes nas alcovas alheias
renovam a falsidade dos amores
idolatrados nas noites perfumadas
com o suplício das flores…
meninas carentes de alimento
vagueando ao sabor do vento
com seus harpejos desbotados
oferecem carícias aos bocados.
A insensibilidade do amante
encontra-se no amor flutuante…
muitas vezes sem retorno
que devassa o instinto de quem ama
um acasalamento morno
quando se apaga a chama!
A falsidade deste império
está no monte de carne trémula
que se mostra sem critério
e provoca agonia no reparo
fantasia quente e masturbada
com as debutantes numa lufada
lambendo o néctar mais caro.
O sentido destas vidas ocasionais
sem compromisso das coitadas
oscila entre as sarjetas funcionais
e as carícias frias e mecanizadas…
atadas às ciladas da vida
amarguradas com o destino infeliz
rendem-se ao bulício da avenida
até encontrarem outra matriz.
(Às
voltas nas noites de Lisboa, em 1986)
Joaquim Coelho
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