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domingo, 21 de março de 2021

Dia de Poesia com Estórias

 


   

              NUNCA VOS ABONDONEI

 

Meus amores

desencontrados nos caminhos da mocidade

mostramos todo o vigor da tenra idade

nas escolas onde formamos as ideias

florescentes no vigor das nossas vidas

nas festas e romarias das aldeias

nos cruzamentos das estradas e avenidas

do meu percurso em sobressaltos

nos paraquedas enfunados, aos saltos;

meus amores de todos os tempos

da longa caminhada desta vida

rumos paralelos ou convergentes

dias cheios de bons momentos

deliciosamente felizes e contentes…

    eu nunca vos abandonei

porque os astros sempre me alumiaram

outros locais por onde vos encontrei

sempre gostosos e delicados

onde perdoamos nossos pecados.

 

Meus filhos diletos

criados com sentida comunhão de afectos

num mundo em transformação acelerada

onde nos soubemos inserir ao natural

cultivando a auto-estima consensual

transpondo fronteiras para o saber

desfrutando da vida com prazer…

    eu nunca vos abandonei

porque sentia a vossa presença

entre a luz do sol e a claridade da lua

brincando dentro de casa ou na rua

mesmo nos dias de bruma teimosa

vivemos os melhores momentos de férias

nas terras longínquas de trás-os-montes

onde o carinho dos vossos avós e primas

se refletia na intensidade dos olhares

e na ternura desmedida da mãe Cila

também nos afagos do pai Macedo

partilhando momentos de gratidão

da natureza humana com emoção;

     nunca vos abandonei…

até na lonjura das viagens decretadas

na contingência do dever profissional

sentia a falta das noites animadas

com o afastamento do amor paternal

e até nos encontros com o progresso

visível nos olhares com emoção

das vossas carinhas mais larocas…

o reencontro em cada regresso

recompensava a generosa satisfação

com toda a pujança do amor liberto

na hora de vos abraçar com ternura

caminhando sempre no rumo certo;

brincávamos com alegria desmedida

no fervilhar da vossa inocência...

mesmo escrevendo ternurentos versos

moldados no desencanto da ausência

senti os vossos sorrisos travessos

   mas nunca vos abandonei.   

 

Meus amigos confirmados

o tempo mostra que sois incondicionais

mesmo os que foram abandonados

pelos poderes duma nação desfigurada

continuam no meu imaginário secreto

   porque nunca vos abandonei…

o meu universo é longe e presente

voando enfunado num lindo sonho

onde o amor anda mais ausente...

no mundo controverso e enfadonho

envolto no bulício das incertezas

mostramos que temos um passado

confirmado entre matas e capinzais

nas agruras das guerras infernais

onde resistimos com valentia e coragem

selada com salutar camaradagem

cujo elixir da sentida amizade

nos fortalece os laços de vida repartidos

nos momentos dolorosos dos feridos

e dos amigos mortos em combate…

     porque nunca vos abandonei

sentimos que a vida tem outro sabor

emoldurada nos pergaminhos com vigor

onde recordamos os tempos passados;

com o avanço do tempo em nossas vidas

que vivemos como presente fervoroso

encontrei colaboradores empenhados

no trabalho profícuo e rigoroso

produzindo riquezas e salários …

comungamos dos mais altivos valores

que nos formaram em seres solidários

mantendo a ousadia que abracei

nos convívios mais prazenteiros

para conforto dos dias derradeiros,

     porque nunca vos abandonei.

 

     Vila Nova de Gaia, 21 de Julho de 2020

 

          Joaquim Coelho














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