NUNCA VOS ABONDONEI
Meus amores
desencontrados nos caminhos da mocidade
mostramos todo o vigor da tenra idade
nas escolas onde formamos as ideias
florescentes no vigor das nossas vidas
nas festas e romarias das aldeias
nos cruzamentos das estradas e avenidas
do meu percurso em sobressaltos
nos paraquedas enfunados, aos saltos;
meus amores de todos os tempos
da longa caminhada desta vida
rumos paralelos ou convergentes
dias cheios de bons momentos
deliciosamente felizes e contentes…
eu
nunca vos abandonei
porque os astros sempre me alumiaram
outros locais por onde vos encontrei
sempre gostosos e delicados
onde perdoamos nossos pecados.
Meus filhos diletos
criados com sentida comunhão de afectos
num mundo em transformação acelerada
onde nos soubemos inserir ao natural
cultivando a auto-estima consensual
transpondo fronteiras para o saber
desfrutando da vida com prazer…
eu
nunca vos abandonei
porque sentia a vossa presença
entre a luz do sol e a claridade da lua
brincando dentro de casa ou na rua
mesmo nos dias de bruma teimosa
vivemos os melhores momentos de férias
nas terras longínquas de trás-os-montes
onde o carinho dos vossos avós e primas
se refletia na intensidade dos olhares
e na ternura desmedida da mãe Cila
também nos afagos do pai Macedo
partilhando momentos de gratidão
da natureza humana com emoção;
nunca vos abandonei…
até na lonjura das viagens decretadas
na contingência do dever profissional
sentia a falta das noites animadas
com o afastamento do amor paternal
e até nos encontros com o progresso
visível nos olhares com emoção
das vossas carinhas mais larocas…
o reencontro em cada regresso
recompensava a generosa satisfação
com toda a pujança do amor liberto
na hora de vos abraçar com ternura
caminhando sempre no rumo certo;
brincávamos com alegria desmedida
no fervilhar da vossa inocência...
mesmo escrevendo ternurentos versos
moldados no desencanto da ausência
senti os vossos sorrisos travessos
mas
nunca vos abandonei.
Meus amigos confirmados
o tempo mostra que sois incondicionais
mesmo os que foram abandonados
pelos poderes duma nação desfigurada
continuam no meu imaginário secreto
porque
nunca vos abandonei…
o meu universo é longe e presente
voando enfunado num lindo sonho
onde o amor anda mais ausente...
no mundo controverso e enfadonho
envolto no bulício das incertezas
mostramos que temos um passado
confirmado entre matas e capinzais
nas agruras das guerras infernais
onde resistimos com valentia e coragem
selada com salutar camaradagem
cujo elixir da sentida amizade
nos fortalece os laços de vida repartidos
nos momentos dolorosos dos feridos
e dos amigos mortos em combate…
porque nunca vos abandonei
sentimos que a vida tem outro sabor
emoldurada nos pergaminhos com vigor
onde recordamos os tempos passados;
com o avanço do tempo em nossas vidas
que vivemos como presente fervoroso
encontrei colaboradores empenhados
no trabalho profícuo e rigoroso
produzindo riquezas e salários …
comungamos dos mais altivos valores
que nos formaram em seres solidários
mantendo a ousadia que abracei
nos convívios mais prazenteiros
para conforto dos dias derradeiros,
porque nunca vos abandonei.
Vila Nova de Gaia, 21 de Julho de 2020
Joaquim
Coelho
Sem comentários:
Enviar um comentário