NÃO ESQUECEMOS
Qualquer
mancebo fardado
Que
embarcasse no navioTinha o destino marcado:
O perigo era um desafio!
Quando
marchava na picada
Ou
nos trilhos das matas,Ficava com a pele marcada
Até regressar às camaratas.
Se
apanhava um tiro certeiro
Na
tragédia duma emboscadaNem sempre tinha enfermeiro
Para tapar a pele furada.
O
socorro tardava a chegar
Porque
o oficial de operaçõesAndava com os coronéis a caçar
Usando o heli das evacuações!
Quantos
mortos abandonados
Por
causas mal percebidas,Quantos feridos amortalhados
Por não serem curadas as feridas.
Para
que as memórias não esmoreçam
A
bondade da nossa juventude,Reclamo aos vivos que não esqueçam
Estas imagens de solicitude.
Sagal, Agosto de 1966
Joaquim
Coelho
EM CONTRATEMPO
Este percurso em contratempo
nas picadas dos
Macondes
desencontrado com
o tempo
que o destino
encomenda à natureza
para alimentar a
minha vida…
tenho momentos de
fraqueza
muita dor a morder
fundo
enquanto a
esperança definida
está nas verdades
do mundo,
o meu corpo já
cansado
não anda…
flutua!
...
Nas margens da guarnição
Nas margens da guarnição
do acampamento
inventado
dentro do campo de
aviação;
passo por baixo da
lua
para fugir ao
labirinto
das picadas da
morte
que nos causam
desolação
fico preso nas
terras do norte
onde pressinto a
ameaça
da masmorra da
guarnição
imposta pela
hierarquia
quando a grave
chalaça
agrava as dores de
cada dia.
.
.
Diaca,
Novembro de 1967
Joaquim Coelho
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LINHA DE ÁGUA
..
Perdido nos seios
agitados
pelas ondas do mar
calmo
onde naufraguei atrás
do amor
desprendido na
sensualidade
mágica dos teus
encantos
deixo o corpo viajar à
linha de água
com os peixes
voadores
que sustenta a alma
perdida.
...
Como a luz que nasce
das trevas
apareceste purificada,
divina...
um sopro que a brisa me
enviou
para amansar as fortes
ondas...
aquelas que me podem
arrastar
ao encontro do teu
amor.
..
Beira,
Setembro de 1967
..
Joaquim Coelho
.
..
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