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sábado, 1 de janeiro de 2011

Poemas dos Tempos Pt 32


A NAÇÃO

A gente não suporta mais golpes
Com argumentos sem matriz,
Os políticos vendem a Pátria
E deixam-me mais infeliz.

Tanta afronta que contesto
A dureza do descontentamento
Ditam sentenças que detesto
Se a servidão cega o pensamento.

A redenção pulsa no meu peito
Enquanto anunciam a nossa luta
Aos cidadãos perderam o respeito
E surripiam os bens da labuta.

Misturam o sentimento masturbado
Na herança do sangue lusitano,
O povo vai sendo escravizado
E explorado até ao tutano.

Sigo por caminhos escondidos
Inconformado com tanta heresia,
Afoito e rebelde com os bandidos
Que hei-de morder sem fantasia.

JoaquimCoelho
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A MENSAGEM

O passageiro do luar envolvente
peregrino das quentes alcovas
vai disfarçando as ingratas rugas
no aconchego do corpo quente
e acolhe as deserdadas do amor
nos contornos do corpo esfomeado.

Nas nebulosas noites inacabadas
da solidão devassada
escuta os longos gemidos
sincronizados nos gestos lascivos
da fêmea desamparada, impúbere
e acaricia o corpo esguio
da donzela conspurcada.

Recusa as mãos estendidas
dos miseráveis desolados
vagabundos das vielas
nas noites da louca orgia.

Segue a estrada da escabrosa insídia
dos homens com vestes afeminadas
vergonhosa afronta dos ousados
na busca da vida sonhada
já descrentes da virtude
no amor acrisolado.

Onde está a razão da solicitude,
que nesta vida voraz
perde o rumo da atitude
e inferniza a alma e o coração
na saborosa aventura
de viver na perfeição.

A mensagem é breve, não perdura
no meio das meretrizes
de corpos lindos, escravizados,
numa vida louca e sem cura
onde perdem as raízes
e os sentimentos desprezados.

Lisboa, Maio de 1983



REBELIÃO

Nesta nação amordaçada
onde falta a justiça e o pão
a democracia é uma chalaça
para enganar a Nação…
os mendigos vivem na praça
sem tecto nem beiral
e os rufias bem instalados
na manjedoura nacional.

Até consideram banal
haver fome na populaça
que se manifesta nas ruas
e o governo não acha graça.

Acertarão contas comigo
esses vilões do pavor
que me deixam acordado
nesta humilde rebelião
contra o medo dos gestos
que traço por minha mão.

Façam-se ouvir outras vozes
contra os trituradores do amor
que tanta falta nos faz…

Contra o tédio, as nossas lides
vão espalhar a esperança
nos corações mais humildes
e no sorriso de cada criança.

Joaquim Coelho
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