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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Poemas dos Tempos - Angola 80

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              PRECES

Nesta noite que não termina mais
sinto a alma esfacelada...
com o corpo aos trambolhões
gritando bem alto os seus ais!

O ribombar das detonações
em diedros devastadores
incendeia o ódio e o terror
e destroça os corações...

Asas nos céus em tons de prata
por cima dos morros de Quicabo
deixam um campo de cadáveres
pintados no quadro que não acabo
antes do alvorecer tempestuoso!

E as mães de coração ferido
deixam espalhar na floresta
o clamor do seu grito dolorido
ao perderem o sangue que resta.

Vejo a criancinha estonteada
no meio do fogo da sanzala...
com o fumo a encobrir o dia,
reneguei a farda enlameada,
perante o temor duma bala
perdi todo o fulgor de valentia!

          Quicabo, Março 1962

    Joaquim Coelho





              PRECES

Nesta noite que não termina mais
sinto a alma esfacelada...
com o corpo aos trambolhões
gritando bem alto os seus ais!

O ribombar das detonações
em diedros devastadores
incendeia o ódio e o terror
e destroça os corações...

Asas nos céus em tons de prata
por cima dos morros de Quicabo
deixam um campo de cadáveres
pintados no quadro que não acabo
antes do alvorecer tempestuoso!

E as mães de coração ferido
deixam espalhar na floresta
o clamor do seu grito dolorido
ao perderem o sangue que resta.

Vejo a criancinha estonteada
no meio do fogo da sanzala...
com o fumo a encobrir o dia,
reneguei a farda enlameada,
perante o temor duma bala
perdi todo o fulgor de valentia!

          Quicabo, Março 1962

    Joaquim Coelho

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             MALDITA ESPERA          

Terás sentido a chama flamejante
que atiçou o fogo desta paixão?
não chegaste a descobrir as delícias
do coração encantado na tua beleza;

os encontros não podem ser secretos
mesmo longe das convenções
quando os corpos sentem o fervor
entrelaçados no gozo da luxúria
que redime o delicioso desassossego
das loucuras da paixão com amor.

Longe da maldita inquietação
num espaço de rara tranquilidade
gostava de ter o faro de um cão
para não perder tempo com os desejos
que me deixam desgraçadamente
à espera dos teus deliciosos beijos!

Não me poderás imolar sem dor...
só porque gosto da verdade no amor
e da ternura sentida com esmero
podes sacrificar-me o corpo sofrido
sem o lançares no cais do desespero.

   Luanda, Dezembro de 1961
Joaquim Coelho

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