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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Poemas dos Tempos - Portugal 84

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          PORTAGENS

O homem que vende gelados
aumentou o meu desgosto…
em vez de gelados de chocolate
traz só caramelos podres!
acho que é grave ingerência
nos meus gostos de guloseimas;
incomoda-me denunciar
essa cambada de políticos
candidatos a gastos ricos
que nos levam à miséria.

Os cobradores adormeceram
na desordem das finanças…
mijo na berma da estrada
e nos cruzamentos com rotundas
só para não pagar as portagens!

Incomoda-me viajar ao tostão
e pagar os chips obrigados
com controlo sobre as cabeças
dos cães-polícias algemados
às matrículas com registo
e as viaturas visionadas
com liberdades condicionadas.

Joaquim Coelho





       DESAPERTAR O LAÇO

É nos silêncios íntimos e sagrados
que ouvimos gritos desesperados
sem a força da coragem
para cantarem hinos á liberdade…
na atmosfera de garganta apertada
onde se humilham os enganados
incoerentes com a sociedade.

Mas há muitas portas abertas
sobre o espaço do medo
que nos tolhe o futuro…
se não nos manifestamos
nem mostramos descontentamento
sentiremos a fadiga e o cansaço
que nos sufoca o pensamento
e aperta o silencioso laço!

Antes do silêncio da madrugada
teremos a esperança em movimento
abrindo um sorriso ao mundo
dando alento ao futuro suspenso.

 Joaquim Coelho






              FEITIÇO

Não sei se é encanto
ver tanto encantamento
desprendido no teu pranto
que me prende o pensamento,

é um amor que se prende
em cada dia que passa
mas essa avareza me ofende
o coração que se enlaça,

sou um solitário convertido
à adoração do teu semblante
porque também tenho sofrido
por continuar no rumo errante,

se queres quebrar o enguiço
e aceitar os meus versos
deixa-me beber o feitiço
que tens nos olhos travessos.

   Joaquim Coelho
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